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Aristides de Sousa Mendes |
"Para o triunfo do mal, basta que os bons fiquem de braços cruzados."
Edmund Burke
Há frases que resumem a nossa relação com os outros e com o mundo. Esta é uma delas, e com raras excepções, é demonstrativa da nossa forma de estar perante os outros. O estar de "braços cruzados, o "não fazer nada", o ser apenas testemunha dos factos que ocorrem à nossa frente é a nossa atitude habitual, seja em grupo de jantar ou numa assembleia da ONU.
Há sempre aquela inércia natural para não intervir, para não denunciar um abuso, um insulto ou uma ameaça. E depois usamos expressões, frases feitas e outras para desculpa dessa inércia como "entre marido e mulher não se mete a colher", "assuntos de família", "é entre pais e filho", "são brincadeiras de crianças", "recebi ordens para fazer", "não pude fazer nada, ele é o chefe", etc.
Continuamos a olhar para os céus, na busca das intervenções divinas; ou para os lados, a aguardar que outros apareçam e que descruzem os braços!
E assim foi em muitos momentos da História, mesmo perante os chamados "crimes contra a Humanidade" - uma expressão de âmbito jurídico para designar uma falha grave e bem demonstrativa dessa inércia a um nível mundial, que ainda hoje se repete perante tantos "atentados à Humanidade" - outra expressão muito apreciada mas que só demonstra a continua inércia da própria Humanidade.
E depois, há heróis de carne, sangue e osso, e não de mitologia antiga ou moderna. Heróis como Aristides de Sousa Mendes, cônsul português que salvou, cerca de trinta milhares de vidas, ao desrespeitar uma lei e a fazer o que a Ética lhe ordenava. Um Homem que viria a sofrer as consequências da insubordinação mas que nunca renegou o que fez.
E que hoje recebe justamente o reconhecimento de Portugal, numa cerimónia digna e que o integra definitivamente no Panteão Nacional.
Um dos homens bons que não cruzou os braços!
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