Poema em branco

Quero escrever um poema em branco,

Lúcido, capaz, deveras sagaz!

Daqueles que são lidos e refletidos,

daqueles que são propagados e ditos,

dos quais os sábios ousam declarar,

como se o Mundo ali fosse terminar,

e o Universo alterar!


Quero ser o autor,

o único poeta cantador

da humana podridão, 

do fausto e perdição,

do infortúnio datado,

do destino traçado,

daquele momento quebrado!


O mais capaz de todos, o mais lúcido,

o único, exclusivo, deveras intuitivo

suficiente e elucidativo,

clarividente e educativo,

alambique de medos e anseios,

de âmagos pesados e mortais receios!


O que sintetiza, resume e entrega,

esclarecimento e iluminismo,

razão e equilibrismo,

emoção e mimetismo,

daquele mistério superior,

e da morte que graça no interior!


O ato de falhar, o ato de vencer,

o fazer amar e o tudo perder,

num conjunto dinâmico possuído, 

como mera simbiose concludente,

de tudo o que somos e seremos,

e num profundo grito diminuído,

daquilo que se ama profundamente!


Quero ser, quero escrever,

um mero poema em branco!


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